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NOTÍCIAS DA COOPERATIVA PRIMATO

Suíno Verde: o cooperativismo que transforma resíduos em futuro
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Suíno Verde: o cooperativismo que transforma resíduos em futuro

12/10/2025 | Ícone Minitag 

Projeto pioneiro da Primato, em parceria com a MWM, transforma o desafio dos dejetos suínos em energia, biofertilizante e qualidade de vida no campo

No Oeste paranaense, onde a suinocultura é uma das principais atividades econômicas, produtores enfrentavam um desafio crescente: dar destino adequado aos dejetos suínos. Sozinhos, não conseguiam armazenar ou tratar corretamente os resíduos, gerando uma série de prejuízos ambientais e desperdício de recursos. Foi a partir desse desafio que a Primato Cooperativa Agroindustrial, em parceria com a MWM, subsidiária Tupy, ao lado de produtores cooperados, deu vida ao Projeto Suíno Verde, onde os resíduos são transformados em energia renovável, combustível e biofertilizante.
Em 2025, a suinocultura paranaense registrou recorde histórico no primeiro semestre: 612,4 mil toneladas de carne suína produzidas, crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados do Governo do Estado. Foram abatidos 6,4 milhões de animais, o maior número já registrado. Com o aumento da produção, o desafio da destinação correta dos resíduos também cresce.
O engenheiro ambiental Guilherme Miola explica que o manejo incorreto dos dejetos traz sérios riscos ao meio ambiente: “O descarte inadequado no solo, somado ao excesso de fósforo — típico da região Oeste do Paraná — é extremamente prejudicial, pois com as chuvas esse material é levado aos corpos hídricos”.
Segundo ele, o excesso infiltra o solo, atinge o lençol freático e contamina a água subterrânea. “Isso favorece a eutrofização, com o aparecimento de algas e o aumento de nitrogênio e fósforo em rios e lagos, afetando a potabilidade da água”, alerta.
Miola também lembra que o solo da região é naturalmente ácido e precisa de correção na entressafra. “O manejo inadequado dos dejetos agrava essa acidez e compromete a produtividade agrícola. Infelizmente, temos visto casos de descarte direto em rios, o que causa danos quase irreversíveis e de alto custo ambiental e econômico”, complementa.
Por outro lado, quando tratados corretamente, os dejetos se tornam recursos valiosos. “O biofertilizante que resulta desse processo é rico em nutrientes e melhora a fertilidade do solo. Além disso, a transformação dos resíduos reduz a emissão de metano e gás carbônico, principais gases do efeito estufa”, ressalta o engenheiro.

Da dor do produtor ao propósito cooperativo
Associado à Primato há 28 anos, Ademir Marchioro conta com uma produção de aproximadamente 3.500 suínos. Ele relata que cada animal produz diariamente cerca de 10 litros de dejeto, totalizando 35 mil litros. “Era um problema sério, muito sofrido e o custo alto. Quase não havia intervalos, tínhamos que pagar para retirar os resíduos, que eram jogados na lavoura. Minha propriedade tem sete alqueires e, quando não tinha mais espaço, passávamos para o vizinho”, relata.
Nas palavras de Marchioro, os agricultores precisam fazer parte de uma cooperativa. “Para mim, a Primato é uma família. Agora é só abrir a porteira para o caminhão passar”, observa. “Estamos no céu. Tomara que continue”, anseia o cooperado.
O diretor executivo da Primato, Juliano Millnitz, conta que o projeto começou a tomar forma após um Fórum CBN Agro, realizado em 2022 na sede da cooperativa, em Toledo (PR). “Foi nesse encontro que o professor doutor José Luiz Tejon, fez a ponte com a Tupy/MWM. Apresentávamos um desafio: queríamos expandir a suinocultura, mas havia o impasse da destinação dos dejetos. A MWM tinha a solução, e assim nasceu a parceria”, recorda.
Millnitz aponta que a essência do projeto vem de uma demanda de crescimento sustentável. “A Primato percebia um limitante de expansão, pois mesmo que o produtor quisesse aumentar sua propriedade, sem a destinação correta do dejeto não seria possível”.
Mais do que tecnologia, o Suíno Verde representa propósito cooperativo. “Esse projeto foi pensado para o cooperado. A Primato não pensou em lucro, mas em sustentabilidade e na viabilidade do produtor”, observa o diretor executivo. Ele acrescenta que “se o cooperado não tiver escalabilidade, amanhã ele virá para a cidade com os filhos, porque não verão a sustentação desse negócio a longo prazo. Quando trazemos valor e propósito para ele estar no campo, o cenário muda totalmente. É isso que o cooperativismo faz”, conclui.

A transformação começa no campo
O ciclo é eficiente: inicia com a produção de alimento, representado pela suinocultura, um dos ramos mais importantes da pecuária. O dejeto dos suínos é coletado nas granjas e levado à bioplanta, localizada em Ouro Verde do Oeste (PR). Esses resíduos são preparados antes de irem para os biodigestores, sistema de tratamento onde se reduz a biomassa para que esteja em estado ideal para ser tratado.

Em vez de gerar impactos ambientais, uma parte do subproduto, que é o biogás se eleva e é capturado pelas lonas e bombeado para uma estação de tratamento. Esse biogás abastece veículos da chamada Frota Verde, além de gerar eletricidade para os produtores, tornando suas atividades mais sustentáveis.
Outra parte do biogás passa por um novo processo de elevação do nível de metano com a retirada de outros gases, entre eles, o dióxido de carbono, para virar biometano. Essa massa, depois de servir como base para a geração do biogás, continua seu caminho para ser transformada em biofertilizante líquido e sólido. O organomineral Prima Fértil é utilizado no plantio de culturas como milho, soja e trigo, fechando o ciclo da economia circular.

Frota Verde
O gerente de divisão integrada da Primato, Daniel Willian Girardello, explica que o projeto já é uma realidade em movimento, onde dois caminhões movidos a biogás fazem a recolha do dejeto e um faz a distribuição de ração. “A Frota Verde é o início de uma transformação maior que pretendemos implementar em toda a logística da cooperativa. Hoje três caminhões movidos a biogás já estão em operação. Até o fim de 2025, teremos dez”, enfatiza.
A substituição do diesel por biometano reduz até 62 toneladas de CO2 por caminhão ao ano, conforme explica Daniel. “Com a frota completa, esse número pode chegar a 496 toneladas anuais. Dessa forma, a economia pode chegar a 40% dos custos atuais”, detalha. Segundo ele, os resultados ambientais e sociais são amplos: “O uso dos dejetos suínos para gerar energia e fertilizante fecha um ciclo virtuoso, valoriza o produtor e melhora o IDH das regiões atendidas. É um marco para o agro brasileiro”.
A proposta, de acordo com Girardello, é ampliar o uso do biometano não apenas para o transporte de insumos e animais, mas para outros setores da operação, incluindo o abastecimento de veículos leves, transporte de colaboradores e, futuramente, a comercialização do combustível em postos próprios. “A visão é criar um ecossistema de mobilidade sustentável, que fortaleça a economia circular no campo e reduza significativamente as emissões de carbono em toda a cadeia”, complementa.

Produtores que respiram alívio
O cooperado Laurindo Mauerwerk, de 63 anos, conta que passou muitas noites em claro pensando como faria o descarte dos dejetos e resume o impacto da iniciativa: “O nosso grande problema na suinocultura sempre foram os dejetos. Não conseguíamos ampliar a granja porque não havia onde colocar. Precisávamos das terras dos vizinhos, o que depois de um tempo acabou complicando”, diz.
“Com essa coleta nos sobra muito mais tempo para outras tarefas, como cuidar do pátio, fazer a limpeza, organizar as granjas. Graças a Deus o problema foi solucionado, foi um alívio. Agora é um sossego, estou muito contente”, conta emocionado. Laurindo revela o que espera para o futuro: “Que o Suíno Verde perdure por muitos anos e possa abranger mais produtores”.
O filho, Maurício Lauri Mauerwerk, que voltou para a propriedade do pai, reforça o quanto a rotina mudou: “Antes perdíamos muito tempo com a limpeza e descarte dos dejetos. Hoje a recolha é feita e podemos nos dedicar mais aos animais. É um ganho sanitário e ambiental enorme”.
Para o presidente da Primato, Anderson Léo Sabadin, o maior legado do projeto é humano. “O Suíno Verde vai muito além dos números. Ele melhora a qualidade de vida nas propriedades. Quando a cooperativa recolhe o dejeto quase todos os dias, elimina-se o odor, reduzem-se insetos e o ambiente se torna muito mais saudável. As pessoas querem continuar morando no campo, os filhos voltam para casa, e isso é extraordinário”, reflete.

Tecnologia e cooperação em favor do futuro
O head de descarbonização e energia da MWM, Cristian Malevic, destaca que o cooperativismo é o que torna a iniciativa possível: “A tecnologia sozinha não alcançaria tantas famílias. A cooperativa conecta produtores e indústria, e isso permite soluções que isoladamente seriam inviáveis”.
Segundo ele, o Suíno Verde é exemplo de equilíbrio entre economia, meio ambiente e qualidade de vida. “O projeto reduz a pegada de carbono, melhora o solo, preserva rios e traz dignidade para quem vive no campo. Quando visitamos os produtores e vemos o sorriso no rosto deles, isso mostra claramente o antes e depois da solução. É bastante emocionante”, salienta.
Para o professor e escritor José Luiz Tejon, o impacto vai muito além da energia:
“A curto prazo, o projeto significa renda adicional com biogás, biofertilizantes e bioeletricidade. A longo prazo, é vital, pois o alimento será sinônimo de saúde em todos os aspectos socioambientais e a qualidade da originação será fator crítico de sucesso”.
Para Tejon, iniciativas cooperativistas como esta trazem o futuro para o presente. “O futuro é criado aqui e agora. Ninguém será mais o mesmo a partir do Suíno Verde, seremos muito melhores. Cooperativas nascem da necessidade de mudar o mundo para melhor. A todo instante uma cooperativa evolui seus cooperados, colaboradores e a sociedade. Cooperativismo significa distribuir dignidade de vida para todos”, enfatiza.

Um novo tempo no campo
Sabadin comenta que a Primato já planeja o futuro: “Estamos trabalhando para construir mais duas bioplantas até 2027, em regiões com concentração de produtores. E queremos que essas novas indústrias funcionem totalmente a biogás. É uma mudança cultural e tecnológica que consolida um agro mais sustentável e humano”.
De acordo com o presidente da cooperativa, o tripé ambiental, econômico-financeiro e social deve estar vinculado. “Isso tudo é muito bonito e nos emociona. É preciso considerar que pode ser multiplicado e que, se estivesse na mão de apenas um produtor não haveria escala, não teria produção. Por meio da Primato, isso passa a ser uma indústria cooperativada. Realmente é um agro mais sustentável”, reforça.
Comovido, Sabadin finaliza: “O grande diferencial do projeto, sem deixar de destacar o benefício ambiental, é o sorriso no rosto das pessoas. É ver a esposa e o marido querendo permanecer no campo porque o cheiro melhorou, a rotina melhorou, a vida melhorou. Esse é o verdadeiro sentido do cooperativismo, transformar a realidade juntos”.
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